OS 6
PAPÉIS EQUIVOCADOS DO COORDENADOR PEDAGÓGICO
Saiba quais são as atribuições que sobrecarregam o responsável
pela formação dos professores e fazem com que ele deixe de realizar suas
tarefas essenciais
1. O FISCAL
Perfil: Ele parece que
está na escola só para verificar se tudo está nos conformes. A pesquisa O Coordenador
Pedagógico e a Formação de Professores: Intenções, Tensões e Contradições,
encomendada pela Fundação Victor Civita (FVC) à Fundação Carlos Chagas (FCC),
revelou que 55% dos coordenadores conferem se as classes estão limpas e 72%
inspecionam a entrada e saída de alunos todos os dias. Há casos em que o
profissional assume a postura de inspetor até quando tenta ser formador.
"Se fizer a observação de sala de aula e a análise da prática pedagógicas
somente para pegar erros, estará desvirtuando o seu trabalho, que é ser o
parceiro mais experiente do professor", afirma Laurinda Ramalho de
Almeida, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Como evitar: Um funcionário
administrativo pode conferir as condições das salas. A fim de dar mais
segurança na entrada e saída de alunos, é preciso ter uma pessoa capacitada para
a função. Esse desvio pode ser corrigido com uma conversa com o diretor para
haver uma redistribuição de responsabilidades. Já para se livrar da
personalidade fiscalizadora, é necessário um processo de conscientização - dele
e do gestor - para que sua atuação seja no sentido de assegurar o bom
desempenho docente. As secretarias de Educação implantam essa concepção na rede
ao investir na capacitação dos gestores. "A formação tem grande peso na
construção da identidade profissional, pois quem desenvolve as competências
necessárias para o exercício de determinada função sabe bem o que fazer e ganha
o respeito de todos", ressalta Vera Lucia Trevisan de Souza, professora da
Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas).
2. O SECRETÁRIO
Perfil: Conferir listas
de chamadas e arquivá-las. Organizar os horários para o uso da biblioteca e dos
laboratórios. Escrever as atas de todas as reuniões. Ele faz tudo isso e, não
raro, preenche e confere documentos. A pesquisa constatou que 22% dos
entrevistados colocam trabalhos administrativos na lista de atividades da
coordenação pedagógica.
Como evitar: Questões
burocráticas são atribuições de funcionários da secretaria. É o diretor que
pede tanta coisa a ele? É preciso então mudar essa mentalidade. Para Luzia
Marino Orsolon, diretora do Colégio Assunção, em São Paulo, o gestor deve
encarar o cotidiano de sua escola como uma responsabilidade coletiva. Assim,
cada um faz sua parte para que ninguém fique sobrecarregado. "A rotina
funciona bem quando há um trabalho colaborativo, com o envolvimento de
todos." O que complica é a burocracia? Então, está na hora de repensar os
processos. O problema é a falta de pessoal? Espera-se que o diretor reivindique
reforços na Secretaria de Educação.
3. O PSICÓLOGO
Perfil: Quase todo o
foco de sua atenção está dirigido aos alunos indisciplinados. Se há brigas
entre colegas de classe, rixa no recreio ou um garoto hostil com os colegas,
ele tenta resolver. Um quarto dos entrevistados considera sua atribuição a
resolução das questões de indisciplina, pois muitas vezes é o próprio diretor
ou um professor quem encaminha as ocorrências para ele e pede intervenção. Ou
são os pais que batem à sua porta em busca de ajuda.
Como
evitar: Nesse
ponto, há uma ressalva. A indisciplina geralmente vem dos alunos que não estão
aprendendo e não têm a devida atenção do professor nas suas necessidades de
aprendizagem. Nesse caso, o coordenador deve, sim, intervir, pois é sua
obrigação cuidar para que a dinâmica da sala de aula inclua a todos e que o
professor possa atender à diversidade e ensinar. "É função do coordenador
receber a família quando se trata de questões pedagógicas. Se for para resolver
brigas do filho com colegas, não", observa Luzia Marino Orsolon, diretora
do Colégio Assunção, em São Paulo. Há uma confusão entre o coordenador
pedagógico e o orientador educacional, cuja função é fazer a ponte entre as
demandas dos alunos e familiares com a escola. Quando há um na escola, fica
fácil resolver esse equívoco. Porém essa figura raramente existe no organograma
das redes. Quando não, uma ação de esclarecimento da equipe gestora com
funcionários e professores dizendo o que deve ou não ser levado ao coordenador
ajuda. Mas antes talvez seja necessário um processo de autoconvencimento de que
esse não é mesmo seu papel. "Tem coisas que o coordenador faz porque se
sente importante, fundamental na escola", alerta Vera.
4. O síndico
Perfil: Sua maior
preocupação é com o estado do prédio da escola, a quantidade de materiais de
consumo e a carência de pessoal. Cerca de 35% dos consultados citaram a falta
de conservação das instalações, de materiais didáticos e de pessoal, o número
insuficiente de professores e funcionários e salas muito cheias como sendo
problemas do seu cotidiano. A fase qualitativa do estudo demonstrou ainda que
há coordenadores que até empreendem esforços pessoais para conseguir meios de
suprir algumas necessidades mais urgentes e custear melhorias. "Para
arrecadar dinheiro, fiz galinhada, gincana e bingo", contou um dos entrevistados.
Como evitar: Cuidar de
recursos e infraestrutura é atribuição do diretor e do vice. Conforme os
problemas detectados, eles terão de negociar com a Secretaria de Educação
reformas, consertos e reforço de pessoal. Se o coordenador pedagógico está se
ocupando em demasia de questões do gênero, é sinal de que a equipe gestora
precisa se reunir para rever a divisão de atribuições e o uso adequado de
recursos. "Coordenador, diretor e vice precisam se juntar para fazer uma
análise das demandas e resolver como supri-las. O eixo da conversa deve ser o
papel de cada um a fim de definir as responsabilidades individuais e as ações
coletivas", sugere Vera. Como necessidades novas e urgências surgem todo
dia, ela acrescenta que reuniões esporádicas não resolvem. "Os encontros
devem ser permanentes e frequentes, semanais ou quinzenais."
5. O
RELAÇÕES-PÚBLICAS
Perfil: Tem gincana,
festa junina ou qualquer evento na escola? Ele corta bandeirolas e faz cartazes
e convites: 18% dos entrevistados afirmaram que é tarefa da coordenação se
envolver nesses tipos de atividades extracurriculares. Mais da metade dos
coordenadores entrevistados (54%) diz que gostaria de ter mais tempo para
visitar empresas a fim de firmar parcerias com a escola - tarefa que cabe ao
diretor.
Como evitar: O coordenador
deve orientar a organização de eventos quando esses tiverem relação com os
projetos didáticos desenvolvidos pelos professores. Mas veja bem: orientar não
é executar. Ele não precisa bancar o relações-públicas ou o promoter. O envio
do comunicado aos pais, o agendamento da visita ao museu e outras tarefas do
gênero podem ficar nas mãos de funcionários da secretaria, sob o comando dos
professores responsáveis pela ação. Se o coordenador tiver alguma idéia de
parceria com empresas ou entidades do entorno, deve planejar o projeto junto
com os professores, justificando a importância da ação para a ampliação dos
conhecimentos dos alunos, e levá-lo ao diretor.
6. O ASSISTENTE
SOCIAL
Perfil: De tão tocado
com a situação precária da comunidade do entorno, ele envolve-se com os
problemas de desemprego e alcoolismo das famílias dos alunos e se empenha em
juntar alimentos não perecíveis para distribuir aos mais carentes. Quando sabe
que há adolescentes metidos com drogas na vizinhança, mesmo que não estejam
matriculados, tenta agir para que mudem de vida. Às vezes, busca ajuda de
organizações não governamentais para iniciar algum projeto na escola e ajudar
não só os estudantes mas também toda a garotada do pedaço. A pesquisa revelou
que o grupo que considera ações sociais tarefas do coordenador é pequeno (4%),
mas existe.
Como evitar: Ações que abram
a escola e promovam a interação com a família e a comunidade do entorno - como
promover palestras temáticas de interesse geral - são vistas com bons olhos. No
entanto, a militância social é iniciativa de outra ordem, que o coordenador
pedagógico até pode ter, mas nunca deve ser exercida no horário de trabalho, no
qual é sua obrigação se dedicar à formação de professores.
Fonte:
http://gestaoescolar.abril.com.br/comunidade/6-papeis-equivocados-coordenador-pedagogico-634935.shtml?page=5
(pesquisa realizada em 22/02/2016).
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